Alimentação FuncionalMealPrep para [sobre]viver o início da maternidade

MealPrep para [sobre]viver o início da maternidade

Os primeiros dias após o regresso da maternidade podem ser verdadeiramente desafiantes. Há toda uma nova dimensão que se inicia e, até conseguirmos sentir que temos tempo para verdadeiramente “curtir” esta nova fase das nossas vidas, temos de passar, também nós, por uma espécie de nascimento para a nova realidade. Até lá, os finais de tarde são complicados, as noites eternas e tudo não passa de uma espécie de enorme dia, em que o sol se põe e se levanta umas quantas vezes.

A privação de sono deixa-nos em formato um quanto ao tanto robótico e damos por nós sem sabermos se lavamos o cabelo hoje de manhã ou há 3 dias atrás. Tudo parece tão diferente e tão igual! Lembro-me de olhar para a minha filha, de dias, e parecer que já estávamos juntas há uma eternidade, mas ao mesmo tempo sentir que era tudo tão novo para mim. Não consigo explicar melhor que isto, mas talvez quem já tenha sido mãe me consiga entender.

Não sei o que é ter um segundo filho, é verdade, mas vou tentar organizar-me para não ter tarefas extra, que impliquem obrigações de cozinhar ou terminar tarefas urgentes. Se for igual à primeira experiência, sei que não vou ter cabeça para muito mais do que viver [e em determinados momentos sobreviver] a maternidade.

Bem isto tudo para dizer que as tarefas domésticas continuam a existir e que enquanto seres humanos continuamos a ter de nos alimentar. Adicionalmente agora tenho um outro pequeno ser, a minha melanciazinha mais velha, que não pode, de maneira nenhuma, ser esquecido, que precisa de [ainda] mais atenção e que vai sentir a alteração da rotina e a chegada do novo bebé. Para que a tendência não seja esperar pela fome para pensarmos no que vamos comer, deixarmos as coisas bem organizadas antes de ir para a maternidade, é uma ótima opção. No regresso a casa não teremos de recorrer ao senhor da Uber ou da Glovo para nos alimentar o estômago e a alma. O ideal mesmo é termos tudo preparado de antemão e nunca deixarmos que se juntem as duas tempestades: a da fome com a da vontade de comer!

Preparar refeições com antecedência para que possam ser congeladas em doses individuais ou para dois e rechear a dispensa de alimentos e snacks saudáveis é uma prioridade. Não se esqueçam que os dias serão longos e que vão passar muito mais tempo em casa do que é habitual, portanto se o que existe nas prateleiras da cozinha são bolachinhas, tostinhas, chocolates e salgadinhos de pacote o mais certo é serem eles as vítimas. Se estiverem a dar de mamar é possível que não reconheçam o vosso apetite e portanto aproveitem esta fase para iniciarem as boas escolhas alimentares, completas, saudáveis e equilibradas.

Preparar sopas de legumes para congelar também pode ser uma excelente forma de travarmos o apetite, por vezes voraz, que se faz sentir na hora da refeição, sobretudo se os horários resvalaram e tudo atrasou, porque se teve de mudar uma fralda, dar de mamar ou simplesmente porque o bebé decidiu ter uma crise de cólicas.

Assim sendo o que vai uma nutricionista grávida de 9 meses deixar preparado antes de ir para a maternidade? Partilho tudo…

  • Preparar sopas de legumes diferentes para congelar
  • No frigorífico ter ovos cozidos para um snack de SOS ou para juntar a uma salada já lavada
  • “Limpar” as tentações do armário
  • Encher [literalmente] o congelador de refeições caseiras e equilibradas
  • Deixar legumes para saladas lavados e prontos a temperar e servir
  • Cozinhar legumes (cozidos, refogados, salteados ou no forno com ervas) e separar em caixinhas que podem ser também congelados
  • Ter algumas alternativas de misturas de legumes ultra-congelados no caso de não ter nada pronto
  • Ter bacalhau ultra-congelado demolhado pronto a cozinhar [cá em casa temos sempre Riberalves]. Uma solução simples para uma boa fonte de proteína de alto valor biológico, com baixo teor em gordura e pau para toda a obra. Cozinha em 7-8 minutos e pode ser servido de 1001 maneiras diferentes, muitas das quais bem rápidas.
  • Como snacks ter frutos secos sem sal, fruta desidratada sem adição de açúcar, mix de lascas de coco, cenoura crua, galetes de arroz ou milho sem sal, tomates de cereja e os básicos iogurtes, queijos brancos e fruta fresca.
  • Preparar mini quiches ou eggmuffins para ter algo saciante, proteíco e pseudo-salgado para trincar ou para preparar uma refeição rápida.

É bem possível que inicialmente não consigam ter rotinas fixas ou organizadas, neste caso  guiem-se pelo vosso bebé. Ele tem de comer de 2 em 2 ou 3 em 3 horas por isso quando ele mama [ou bebe biberão] vocês também devem petiscar algo [antes ou durante]. Assim garantem que não passam muitas horas em jejum. Podem também definir alertas no telemóvel – mas aí se toca no precioso momento da sesta… pode ser dramático!

Para a bebézona mais velha vou deixar sopas e refeições feitas (que serão as mesmas que a nossas) e ter a certeza que há iogurtes, queijos, flocos de aveia e fruta fresca para lhe dar. Como trunfo na manga vou optar por ter alguns potes/bisnagas de refeições para bebé e purés de fruta prontos a consumir, pois o pai vai ter de ficar sozinho com ela alguns dias e prefiro ter uma bóia de salvação não vá a organização desabar.

Apesar de preferir fazer tudo em casa, por vezes ter uma solução em SOS já pronta é mesmo muito útil e pode ser um “salva vidas” numa fase mais complicada. Felizmente, hoje em dia já existem várias marcas e produtos interessantes do ponto de vista nutricional para crianças pequenas. Antes era dificílimo encontrar algo que não tivesse cheio de açúcar adicionado, gordura e aditivos alimentares variados que sinceramente dispenso.

Quando escolho uma marca para dar à minha filha analiso rótulos nutricionais e tento encontrar soluções biológicas, sem adição de açúcar nem aditivos irrelevantes. Ultimamente descobri a Ella’s Kitchen e a SmileEat que têm produtos muito bons. Espreitem a gama! Os iogurtes fujo dos destinados a crianças… compro naturais normais sem adição de açúcar, de cabra ou ovelha bio. Impressionante ver como na sala da minha filha (de um ano e meio) ela é a única que come iogurtes sem aromas e não açucarados. Pergunto-me porquê tão cedo consumirem este tipo de substâncias? A minha filha a-d-o-r-a iogurtes (estes a saber mesmo a iogurte) e não precisa de pózinhos de perlimpimpim [ditos aromas] para que os coma. Simplesmente a habituei desde inicio e é tão mais simples.

A sério, tentem ao máximo dar aos vossos filhos alimentos verdadeiros com menos máscaras possíveis – é tudo uma questão de educação e claro, de paciência!

Com isto, devia estar na cozinha a preparar refeições e estou aqui a desabafar… vou vestir o avental e investir no meu mealprep ou o meu regresso a casa não será fácil!

#wishmeluck

*Imagem: Pinterest

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